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quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Hermenêutica do Novo Testamento - Klaus Berger

Nota-se que o período de formação teológica do autor foi marcado pela confrontação entre a obra “Ser e tempo” de Martin Heidegger e a hermenêutica de Rudolf Bultmann. Nesse período o instrumento crítico da reflexão teológica estava voltado para a superação do positivismo.
Klaus Berger destaca que no princípio, não havia demanda de discussão hermenêutica, pois o princípio da suspeita em relação a proposta sistemática abrangente era e é um instinto crítico básico bem acentuado.
A obra em análise tem uma dimensão crítica e distanciada e outra dimensão que trata do envolvimento próprio. Para o autor, a distância crítica não é só o meio e o caminho para definir uma posição na discussão costumeira sobre hermenêutica. Seu conteúdo é totalmente relevante, quando se dá valor a análises e critérios,à simpatia crítica e, tanto quanto possível, ao distanciamento do exegeta em relação a sua própria experiência religiosa.
Berger delimitou sua obra apenas no Novo Testamento tendo em vista que a sua especialização é neotestamentária. Contudo, sua hermenêutica precisa de uma intersecção com o Antigo Testamento. Isso, devido à forte acentuação da individualidade de cada um dos autores bíblicos e a pressuposição básica de que os textos conseguem produzir efeito principalmente devido à junção entre vinculação e estranheza.
De acordo com o autor, de um ponto de partida ético na hermenêutica existem dois sentidos: a) como o etos do exegeta ao realizar o trabalho histórico-crítico propriamente dito e b) como razão, o motivo que leva a inquirir e aplicar um texto ao presente (Para Berger a observação de um texto não se dá por mera curiosidade, mas sim porque se espera ajuda do texto. Por isso, a busca sempre se dá devido a necessidade humana, seja ela material ou espiritual). Diante disso, a tese apresentada pelo autor é: a base para a aplicação da Escritura é a imperfeição e a necessidade provinda de uma prática perturbada.
Em termos sistemáticos Klaus Berger destaca que a percepção de situações na verdade não acontece sem antecedentes, mas pressupõe a educação para a sensibilidade, como ela pode, em parte, muito bem ter sido transmitida no marco da história dos efeitos produzidos pelo cristianismo. Portanto, em todo caso, importante é que quem produz a aplicação não é a leitura da Escritura por si mesma; a aplicação pressupõe, antes, uma percepção sensível da situação.
O autor destaca que a exegese tem função essencial no processo de aplicação dos textos, tendo em vista que ela pode multiplicar consideravelmente o número de aspectos do conteúdo de determinado texto ou trazê-los à luz. Por intermédio da exegese torna-se visível no texto um grande número de, por assim dizer, superfícies cristalinas; ele ganha amplitude e, com isso, toda uma nova dimensão. Além disso, o exegeta tem a missão de tornar manifesta a riqueza do texto.
Para Berger, na hermenêutica, a análise da situação adquire a mesma importância que a análise do texto bíblico. Quanto mais aspectos de um texto me forem conhecidos e quanto mais eu, por outro lado, souber sobre a situação, tanto maior é a probabilidade de que em ambas as margens eu encontre pontos que se encaixam, de modo que o texto possa atuar de modo crítico ou construtivo.
Outra consideração importante feita pelo autor na obra em estudo é sobre a distância crítica que deve ser garantida. Esse amor pela distância poderia ser a tentativa de fazer jus à situação. A questão da distância crítica é sobretudo uma questão de ética. Klaus Berger destaca ainda que existe a problemática do círculo: quem analisa a situação está envolvido nela. Assim sendo, o distanciamento é uma questão melindrosa a ser desenvolvida.
Concluindo, considero as teses do autor importante e necessário para o trabalho hermenêutico. Principalmente nos aspectos sobre a situação dos textos. Isso ratifica as afirmações feitas pelo professor em sala de aula, lembrando sobre a necessidade de conhecer os aspectos econômicos, sociais, políticos, religiosos, culturais e geográficos das regiões que foram o berço no qual os textos nasceram.

Resumo apresentado a disciplina Teologia do Novo Testamento